Diante de um cenário de aversão a risco e recuo das Bolsas mundiais, fundos com estratégia long e short – que conseguem obter ganhos tanto com a alta de papéis, quanto com a queda de ações – vêm trazendo bons retornos no acumulado do ano.
No episódio desta semana do podcast Outliers, o programa recebe André Lion, sócio e gestor responsável pelo núcleo de ações da Ibiuna Investimentos, e um dos um dos precursores dessa estratégia no Brasil.
O gestor conta que o seu interesse por esse tipo de estratégia teve início há muito tempo, quando começou a trabalhar no mercado acionário na década de 90. Na ocasião, Lion diz que os níveis de volatilidade eram altos e as dificuldades para se operar eram grandes.
Nesse cenário, o sócio da Ibiuna narra que se interessou pela possibilidade de montar uma estratégia que conseguisse capturar retornos de um ativo, sem correr risco, ou minimizando ao máximo o risco de mercado.
Segundo ele, o objetivo principal era ter um fundo mais descorrelacionado do mercado, por meio do casamento de duas posições: uma que aposta na valorização dos ativos (comprada); e outra que aposta na desvalorização dos papéis (vendida).
Para isso, diz o gestor, era possível utilizar várias abordagens, como a neutro ou a direcional.
Ao comentar sobre estratégias que obtêm ganhos com a queda no preço de um ativo, Lion conta que ter uma boa estrutura de investimentos faz toda diferença.
Segundo o gestor, há quatro passos definidos dentro da Ibiuna no processo de investimento: geração de ideias; análise fundamentalista; encaixe na carteira; e monitoramento.
O ponto é que, para cada problema enfrentado em um case de investimento, um novo surge, destaca Lion. Por isso, afirma, a escolha de ativos leva em conta uma análise criteriosa de mercado e fundamentos da empresa.
Além disso, Lion ressalta que entrar “vendido”, ou seja, apostando na desvalorização de um papel, não quer dizer que a empresa irá falir. O gestor afirma que, em muitos casos, a precificação do ativo está cara.
Por isso, ele detalha que, após uma análise comparativa, são feitas estimativas acerca do comportamento daquele ativo.
Em um ano agitado, a corrida eleitoral está no foco das atenções de Lion. “Por mais que Lula e Bolsonaro estejam em alta, tudo pode acontecer”, afirma.
O gestor destaca suas preocupações com o cenário eleitoral, diante do histórico de “reviravoltas” eleitorais que o Brasil possui.
Ele relembra acontecimentos trágicos, como o acidente de Eduardo Campos, o avanço significativo de Aécio Neves (PSDB-MG) nas eleições de 2018 e que tornou a disputa eleitoral mais acirrada, além da possibilidade do surgimento de uma terceira via.
Em meio a tantas incertezas, o sócio alerta que é “muito perigoso cravar um vencedor” e diz que prefere focar na proposta fiscal de cada candidato.
Segundo ele, a parte fiscal é essencial para o futuro do Brasil, porque impacta diretamente na inflação, potencial de crescimento, patamar da taxa de juros, entre outros fatores que afetam diretamente a população.
Se a parte fiscal está comprometida, o resultado dessas incertezas é um efeito em cadeia, observa Lion. O sócio da Ibiuna acredita que a falta de previsibilidade impacta na percepção de risco do mercado, que adia investimentos produtivos, traz cautela aos empresários e consequentemente, impacta de forma relevante a economia real.
Fonte: InfoMoney | 23/05/2022
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